21.8.07

almanaques e samurais


Bem, nada de piadinhas por hoje, estou com insônia e vou passar o tempo falando do que estive lendo nas bandas desenhadas e afins.

Pixel Magazine # 4: Nos tempos da não tão saudosa Editora Abril, praticamente só tínhamos almaquinhos com várias histórias de diferentes personagens e não tinha muito como selecionar. Sempre achei uma coisa meio estranha comprar uma revista pra ler Vingadores, Justiceiro, Quarteto futuro e Dr. Estranho, e com o título genérico "heróis da tv". O recado era claro, ou compra tudo ou leva nada. Muita gente reclamava mas a editora dizia o óbvio, alegava os custos de publicação e tudo mais. Pra piorar, doía no nosso orgulho nacional ler em formatinho depois que a gente tinha descoberto qual era o formato das revistas americanas (pense que era a geração que viu a seleção de 82 perder a copa). No entanto, os leitores da Abril tinham uma vantagem que os americanos não tinham, algumas vezes algum editor apaixonado fazia o favor de publicar sagas completas com três ou mesmo quatro histórias em sequência. E mesmo quando não rolava isso, pelo menos um personagem era o carro chefe da revista, com duas histórias em sequência.

O tempo passou, as revistas espicharam de largura, a impressão melhorou, e parece que em tudo não temos o que sentir falta da Abril. Mas tem uma coisa na política editorial da Panini que me aborrece bastante, sobretudo numa época em que a maior parte das histórias é muito ruim. Claro que era de se esperar que se mantivessem os almanaques com mixes de vários personages, mas a editora parece ter a determinação de só publicar uma história de cada série americana, o que levado às últimas consequências gera certos absurdos. Com personagens variados, isso é razoável, mas com o tempo, a Panini começou a fazer uma coisa imbecil e que definitivamente me fez desistir de acompanhar suas revistas de linha. Alguns personagens mais populares, como superman, homem-aranha, batman, têm mais de um título nos EU, que geralmente apresentam arcos diversos. O efeito deve ser estranho, o cara vê o wolverine cair num abismo num gibi, compra outro e tá lá o baixinho bebendo cerveja num bar. Mas pelo menos, quando a série é ruim eles não compram, simples assim, enquanto a gente tem que comprar tudo junto. Pelo menos, poderíamos ter o favor de ler os arcos de um mesmo personagem numa sequência lógica. Mas não, a panini consegue ter uma revista chamada "Batman", por exemplo, com três, ou mesmo quatro arcos simultâneos do mesmo personagem. Para a editora deve ser mais lucrativo, eles podem vender bem treze revistas do personagem porque cada edição tem um e somente um capítulo da chatíssima "silêncio" de jeph loeb e jim lee, que pra mim não vale um tirinha do "urbano, o aposentado", mas que fez um sucesso entre o público de miolo mole, que parece ser a grande maioria.

Enfim, só pra dizer porque não gosto de mixes. no caso da Pixel, me chateia em especial o fato de "Planetary" e "100 balas" estarem sendo publicadas em álbuns pela Devir e agora voltarem a ser apresentadas a conta gotas num almanaque variado ou em edições avulsas mas com grampo. Parece-me um retrocesso.

Por outro lado, entendo os motivos que a Pixel possa ter pra tentar essa política com esse material, que ainda não foi recebido amplamente como "Preacher" e "Sandman" o foram. Além disso, é fato que a Pixel Magazine é o melhor periódico de quadrinhos publicado atualmente no Brasil. Só tem história boa e que empolga de acompanhar. Ver numa só revista alan moore, warren ellis e john cassaday me fez sentir parte de um público de elite, me relembrou publicações clássicas de quadrinhos alternativos e/ou europeus, como a Heavy Metal e a Animal. Eu adorava estas revistas no que elas tinham de variado mas sempre num nível de qualidade de texto e arte, e pensava, "Porque a Marvel e a DC não fazem algo assim?" Veio a Pixel e fez, com o melhor da Vertigo e da Wildstorm.

e não vou contar o que tem na revista, pois começo a ter sono. aqui tem uma crítica pra quem ainda não entendeu o que é bom quadrinho.

Samurai Executor #2: o "Lobo Solitário" de Koike e Kojima era um série estupenda, com capítulos sempre mais fascinantes e que, em princípio auto contidos, iam se interligando numa evolução vertiginosa e imprevisível. Mas tinha um problema que eu consegui antecipar quando faltava uns seis volumes pra terminar: a premissa de vingança do protagonista Ito Ogami era tão sublime que ela só podia render um desfecho perfeito ou absolutamente desapontador e vago. aconteceu o segundo caso e não vou contar o final porque vale a pena ler a série inteira mesmo assim. agora, nesta série, vemos os mesmos ingredientes, histórias fechadas de um mesmo personagem, samurais, as armadilhas e as intrigas da opressiva era Tokugawa, e gente comum tentando resguardar a própria dignidade, o que naquele contexto implicava inexoravelmente na própria sobrevivência. Mas agora não temos mais a ambição sublime da saga de Ito Ogami. Agora o protagonista é Asaemon Yamada, um ronin que executa condenados plebeus e testa espadas. E vive sozinho cumprindo seus deveres com diligência mas também, descobre-se depois, com alguma melancolia. Em cada história, uma pequena charada, dessas que a vida social naturalmente nos apresenta, é resolvida pela astúcia ou pela espada de Yamada, geralmente por ambos. E nisto temos ocasião para saber uma curiosidade ou outra da vida civil do japão daqueles tempos. Será que como "Lobo Solitário" esta série vai evoluir para uma saga com pretensões épicas? Creio que não seria apropriado, é uma série mais doméstica, quase um drama de costumes, merece terminar com um casamento ou uma morte de idoso.

18.8.07

fantastic four # 4


Reed Richards, renomado líder do Quarteto Fantástico, é flagrado achacando um cidadão inocente e destruíndo patrimônio alheio. até onde chegarão os abusos cometidos por estes pretenseso "heróis"? e o pobre rapaz, intimidado pela celebridade, nem se pergunta pelo conserto de sua moto. infâmia!


14.8.07

Action Comics # 1

a capa mostra um homem intolerante e furioso destruindo um veículo automor que hoje seria uma relíquia de colecionador, e causando pânico entre cidadãos que até este momento parecem vítimas inocentes. não, não é um gibi do hulk, se olharmos atentamente para o indigitado terrorista, o que aparece é... não pode ser! superman! o primeiro de todos os super-heróis! aquele que ainda hoje é o padrão de moralidade nos quadrinhos? ele mesmo, em sua primeira aparição, tirando uma onda de bad boy. que feio, hein?

coisas assim não podem fazer bem pra mente das crianças. e nem me venham falar de "Grand Theft Auto", que apareceu agora. três gerações de infantes leitores de gibis nos renderam um mundo governado por george bush e que queima cada vez mais combustível fóssil, acha que valeu a pena? meu filho vai ter mais sorte do que eu e não vai sofrer esta deformação de caráter, vai ler monteiro lobato e friedrich nietzsche: chega de gibis! um país se faz com super-homens e encadernados de capa dura!