30.10.07

shmoo's no catete grill JÁ!

Imagine que você crie hamsters extremamente dóceis e carinhosos. Um dia, você dá um dos filhotes de hamster para seu gato, que o come chorando. Mas, enquanto o bichano ainda está cuspindo os ossinhos, você seca as lágrimas, porque, jeez, se é uma coisa que esses bichos são bons é pra reprodução.


Assustador? Não, that's real life. Bitch.

Al Capp era realmente uma pessoa muito estranha.

28.10.07

ela só quer...



Vespitcha, acho que você merecia mudar de inseto pra peixe Piranha, porque assim não dá, né?

18.10.07

Geração Marvel: Vingadores #9

O selo Geração Marvel é do tamanho das revistinhas da Turma da Mônica, e, assim o é pois é voltado para o mesmo público que a publicação de Maurício de Souza, a princípio, almeja. Ou seja: os pequeninos. Aquela galerinha que não sabe que o Tony Stark é um chincheiro com a burra cheia da grana que financia guerrilhas em países subdesenvolvidos, que Hank Pinn é um covarde com um gosto tanto quanto duvidoso por jaquetas amarelas, que o Hulk é uma besta fera assassina criada para gerar catarses nos nerds que apanhavam na escola, etc, etc, tem agora um gibizinho sem aquelas cronologias chatas, explicações firulentas sobre a psicologia dos heróis, e todas aquelas coisas que transformaram os gibis da era de aquário em uma extensão do divã do seu analista. Bacana, não?

Confesso que não lia gibis durante a minha infância porque, afinal, nasci pós Crise das Infinitas Terras. Tinha algumas revistinhas dos Novos Titãs espalhadas pela casa, mas, cara, era tudo um grande pé-no-saco. Eu queria ler histórias completas, porra, e sempre vinha um "continua no próximo gibi" na última página. O pior é que não existia um "próximo gibi", já que as revistinhas eram de '92, e eu só aprendi a ler em '93. Não que eu acabasse me importando muito com a continuação das histórias: Novos Titãs dos anos '90 É uma merda. Depois, li em '96 ou '97 o Doomsday, que também foi um c*, e larguei de mão esse negócio de quadrinho ianque, só voltando as leituras novamente em 2001, com o universo Vertigo, como reza a cartilha de toda goticazinha. Mas isso não importa. O fato é que se houvesse algo como esse gibi dos Vingadores, que pretendo comentar no presente texto, na aurora da minha vida, minha formação quadrinhística teria sido muito diferente. Afinal, comics oughta be fun. Uma regrinha simples que muita gente parece ter esquecido com esse negócio de mata, ressuscita, re-mata, re-ressuscita.

Na história, uma formação ideal dos Vingadores (Cap. América, Tempestade, Hulk, Homem-Aranha, Garota Gigante, Homem de Ferro e Wolverine) já começa quebrando o pau em um esconderijo do organismo encefalicamente super-desenvolvido Modoc; um local idílico onde todos os cientistas da IMA usam roupas amarelas com seus primeiros nomes estampados na lapela, e os churrascos de final-de-semana terminam sempre com o escalamento de uma cobaia para seus experimentos malignos. Modoc coloca todos em uma cilada e transforma a galera em, duh, Modocques. Só que alguma coisa dá errado, e os Vingadores viram aqueles troços cabeçudinhos... só que ainda lutando contra o crime!

O gibi ainda está nas bancas, e aconselho a todos que estiverem olhando esse blog agora a saírem da frente de seus computadores e o comprarem imediatamente. Pastelão de primeira, no maior estilo das adoráveis histórias do Quarteto, com um traço hiper-realista e cores fantásticas. Tenho certeza que garantirá boas risadas para todos nós.

PS: e não é que o Aranhadoc ficou uma gracinha? sério, gentem, tou pensando em tatuar. assim, na barriga. fofo, não?

4.10.07

separated at birth: chicks

Em uma entrada anterior, o prezado Senhor F. comentou a aparição do mangá Samurai Executor, dos mesmos produtores de Lobo Solitário, no Brasil, tecendo odes à beleza e virtuosismo da referida história, e de quebra, a recomendando para toda a meia dúzia de três leitores desse blog. Contudo, malgrado os elogios do autor, registramos na página de comentários a reclamação indignada de um desses leitores, emitindo sua revolta em frases como DIACHO! porque diabos tentaram nos enganar? e ...se era para fazer uma série nova, porque copiaram o desenho do samurai antigo?.

Ora essa: Itto Ogami e Asaemon Yamada são realmente fruto do mesmo rascunho. E eu tenho absoluta certeza de que isso é intencional. Pense bem; ambos representam um paradoxo conceitual, que é o homem bonito e macho japonês. É como se você visse a cara do Tarcísio Meira estampada em qualquer revistinha tupiniquim. Não nos esqueçamos que o Ken Parker é o Robert Redford. Por quê? Porque o cara é BONITÃO. Um galã. Ogami e Yamada também TEM QUE SER bonitões. Dado o gosto (obscuro) dos autores por esse tipo de homem (queixo quadrado, rabinho de cavalo, nariz reto, etc), a cara de um só podia ser igual ao cu do outro.

Maaas, me debruçando sobre os 28 volumes de Lobo Solitário e os quatro de Samurai Executor, não pude deixar de notar que não apenas os galãs sofrem pela falta de, hmm, criatividade, por parte de Goseki Kojima.

Estou falando de mulé, rapazes. Pra ele, racha é tudo igual. Basta ter a mesma carinha oval e um buraco no meio das pernas que já deu. Exemplos?


aloe vera dá um jeito nisso rápido, fofa.

me recomenda o teu cabeleireiro, gactan?

"a-do-ro homem assim, forte..."

As três figuras retratadas são personagens de diferentes histórias nos dois mangás referidos. Três personagens completamente opostas, movidas por ideiais totalmente diferentes, mas, pelo jeito, saída da mesma fábrica de clones que produz os Woompa Loompas.

Não satisfeitos ainda? Olhem essa turma então.


Olha gente, peralá, longe de mim querer criar confusão, mas até a monja com o lenço na boca é idêntica à todas as outras jovens retratadas. Aposto que o Kojima só apagou o cabelo com uma borracha e mandou pra gráfica, porque, sério: fora a expressão facial, qual a diferença entre essas seis mulheres retratadas?

Pensando bem, talvez seja praxe dos estúdios nipônicos reproduzirem sempre os mesmos rostos em publicações diferentes.

Fica a dica. ; )

1.10.07

aquaman - o silêncio dos peixes

Na antologia Bizarro Comics, me deparei com a primeira história do aquaman (sempre ele) que realmente fez jus ao personagem. A ver:



Na história, Aqua, Me(ge)ra e dois sidekicks estão, mais uma vez, nas mãos do cruel Manta Negra. Hannibal Lector à parte, reparem, primeiro, no material de que a é feita a corrente que prende nossos heróis. Cara... poliéster não rasga, assim, só com a unha?



Gentem, olha a cara de acabada da Mera. Querida, a água salgada definitivamente não te faz bem. Já ouviu falar da campanha renews da L'Óreal? Eu tenho umas dicas ótemas pra você dar de vez um jeito nesses pés-de-galinha.



Retiro o que disse, Mera. Com um marido desses, até eu ficava assim.



Ai santa, brigaram mesmo? Até com nosso amigo Peter, o Baiacu? BA-FÃO.



Dane-se se ele não sabe que tubarões não soltam leitinho. MORRI com a vulgaridade do plâncton. Juro, sempre achei o máximo esses bichos. É supereu fazer uma dieta só a base deles, não é?



HAHAHAHAH. Esse aí tá mais fudido do que Superman com a Lois de tpm. Só quero ver.



Achei essa, assim, batida? Conta outra, né?



Se Mera fosse eu, teria enfiado aquela coroa com gosto na testa do marido e usado o cocoruto como tigela de sucrilhos. Porque, gente, sério: não bastasse ele ter brigado com toda a NETWORK dele, como assim diz que vai PENSAR em uma saída? Menino, sempre que leio isso, me lembro daqueles animaizinhos fugitivos usados em testes de laboratório. Tá na cara: VAI DAR MERDA. Será que eles nunca assistiram a Pinky e Cérebro?



Acho melhor ter negociado com o plâncton, hein?

Fim.

almanaque dos superamigos - 1977

Adoro as histórias da era de prata da JLA. E não só pelo seu didatismo despudorado. O espírito de companheirismo e união, somado ao esforço vão da galera em provar que o Aquaman prestava para alguma coisa além de telefone pra peixe, me comovem. Mas, era de prata à parte, esse Almanaque dos Superamigos de '77 roubou meu coração.


Infelizmente, pelo formato jumbo que a EBAL cismava em fazer, não consegui escanear toda a mancha gráfica, nem a capa, assinada por Alex Toth - em cores di-vi-nas, fico LÔCA só de olhar. Porém, não vou fazer que nem meu maridinho e comentar a história inteira de cabo a rabo. Prefiro deixar uma palhinha, atiçando a imaginação dos marmanjos que lêem o referido blog.

Na tal "surpresa muito especial", Wendy, Marvin e o (Bionicão! é o Bionicão!) Cão Maravilha são convidados por Robin (cujo shortinho é menor que minha calcinha, te juro, menina) para, duh, conhecer a Liga da Justiça, que, naquela época, ainda tinha nome de workshop para pessoas "especiais" (Superamigos? vai me dizer que você nunca pensou nisso, hein...). Durante a visita, Marvin, um moleque cuja mãe não ensinou que é feio se travestir assim, de improviso, na casa dos outros, vestiu o uniforme antigo do Arqueiro Verde, pré cavanhaque sexy.

ai, menina, dá uma apertadinha aqui e ali
que fica PER-FEI-TO!



Sente a risadinha do Super-Homem. Ai, tesão...

Ao ver o jovem Marvin pagando mico na frente da galera, o Homem de Aço decide contar uma historinha, de quando todo mundo achou que verde, gente, era o novo preto.

aquilo é uma lagrimazinha?

Mas isso não vem ao caso. A historinha é ruim de doer, ri meu cu lendo ela toda. Só não entendi muito bem o final, mas, não estou aqui para discutir roteiro. O que eu quero é POLÊMICA.

Depois que o Super-Homem tem seu momento de glória contando a historinha (era melhor ter deixado pro Aquaman, né? nem a ata ele escreve, coitado), nosso amiguinhos decidem dar mais uma xeretada pelo quartel general. Eis que Wendy, a graciosa estagiária de cabelo azul (alô, wellaton?) demonstra todo seu girl power fazendo a pergunta mais SHOCK'S que alguém pode fazer para a JLA.


Menina, vou te explicar uma coisa: RACHA, meu bem, só em desenho de RACHA. Isso é um quadrinho pra moleques. Mulher, por aqui, só quando a turminha quiser socar uma bem dada, viu?

E, por falar em testosterona... rapazes, reparem bem para onde o olhar da kathleen turner Canarinho está direcionado. Jésus.

Dessa bolacha, fofa, ela come até o farelo.

Vai me dizer que vocês não notaram? E pau no cu de quem achar que isso é olhar maternal. Canário Negro, sexy até a ponta da meia arrastão, está aliciando a jovem Wendy. Será que eles checam a idade dos "membros juvenis" que vão fazer essas visitinhas ao quartel-general? Ou pedofilia, na bunda dos outros, é refresco?

Bom, julgando que Wendy, pelos peitinhos, já tivesse seus dezesseis-dezessete aninhos: se mulher fosse você, deixaria essa passar?

Acho que por hoje é só. Depois posto alguma coisa menos tendenciosa por aqui.

Os créditos da "emprestagem" do Almanaque dos Superamigos (EBAL, 1977) são devidos a Bruno Cruz, professor, amigo, e mini-enciclopédia de cadarços mal-amarrados para esta que vos escreve.

11.9.07

"ora, direis, ouvir estrelas..."


Eles são os maiores heróis do universo DC e nesse tempo não faziam lavagem cerebral uns nos outros. Dando início aos trabalhos hermenêuticos deste blog, temos aqui um momento épico da era de prata: The Brave and The Bold, volume I, n. 28, de 1960, ou para os iniciados, a primeira aventura publicada da Liga da Justiça da América, também conhecida pelo vulgo como "Superamigos". Um importante momento da história dos super-tipos almofadinhas da DC, antes deles tentarem imitar os meliantes da Marvel. O serviço é assinado por Gardner Fox no roteiro e Mike Sekowsky na arte, segundo dá notícia a edição Arquivo DC: Liga da Justiça da América, da pannini, da qual vamos fazer uso aqui.

A arte de Sekowsky é agradável, limpa e dinâmica, bem como é o forte da era de prata. Além disso, é bom ver a Mulher Maravilha no que hoje seria um sóbrio e elegante shortinho, ao invés dos biquinis de hoje em dia (a reedição da peça neste teor foi uma das poucas coisas que salvou o DK2 de Frank Miller). Já o enredo de Gardner Fox, bem, estamos na era de prata, então, entremos no espírito...

Bem, que grande inimigo poderia motivar a reunião dos maiores heróis da terra? Darkseid? O Antimonitor? O Monarca? A esposa carente de atenção de Ray Palmer? Nada tão sofisticado, o primeiro adversário documentado da Liga da Justiça é uma estrela-do-mar que vem do espaço, aparentemente ultra-evoluída e com planos de conquistar nosso planeta. Se eu fosse uma estrela do mar, não me importaria com o planeta ou com a humanidade, me contentaria com o mar. Onde será que Gardner Fox teve uma idéia dessas? O cara está lá pegando um sol na praia e pensa, "super-heróis deviam lutar com estrelas-do-mar..."

E se o assunto é mar, nossa história começa com ele, o monarca dos oceanos e amigo dos peixes:



Peter, o Baiacu.

De novo, de novo:

Peter, o Baiacu.

Soa bem, não? Assim ficamos sabendo que as criaturas do mar, amigas do Aquaman, vivem num clima descontraído e amistoso, tratando-se umas às outras por alcunhas carinhosas como "Peter Baiacu", nome que ficaria bem num surfista marolinha ou no peixinho de borracha que sua mãe deixava você levar pra banheira. Fato é que o tal Peter honra sua condição de olheiro e dá todo o serviço:


Vida inteligente? Lamento, Starro, planeta errado. Porque não tenta Daxam? Parece que lá o povo é tão sabido que todo mundo vira médico.

Depois, Peter, que história é essa de ficar de cabeça pra baixo? Você faz meditação transcendental ou algo assim? Ha, nada mais do que ocasião para o primeiro momento educativo da nossa história:

Quem precisa da Enciclopédia Britannica tendo um gibi pra ler?

Qualquer sorte, Starro toma gosto e resolve ficar por aqui mesmo, ao descobrir que tem parentes no local:

Imagine a reviravolta na vida de três estrelinhas-do-mar mequetrefes rastejando nas profundezas e sem nenhuma perspectiva de vida, subitamente alçadas ao patamas de criaturas cósmicas por um primo distante e desconhecido! São estas peripécias dramáticas que fazem um épico literário!

Ciente da ameaça, nosso herói faz aquilo que todo o membro da Liga da Justiça aprendeu a fazer ao se inteirar de uma ameaça global: convoca uma reunião!



Novo momento educativo do gibi, afinal de contas, aquele selinho do código de ética no canto da capa tem seu preço. Consta do Aurélio:

equinodermos. S. m. pl. Zool. Animais enterozoários, com simetria radial superposta à bilateral, formada por um eixo longitudinal da boca à extremidade distal. São do ramo Echinodermata; têm o corpo revestido de placas calcárias, formando um esqueleto de espinhos externos; sistema vascular aqüifero, e tubos externos em forma de pés para locomoção.

Mas falávamos de reunião. Qualquer leitor habitual da Liga da Justiça conhece isto. Estes caras adoram uma reunião, e acho que é por isso que o macarthismo suspeitou que fossem comunistas. "Oi, Batman, é o Aquaman! Você tá aí? ... Não está mesmo? ... Bom, então, era só pra te avisar que estou marcando uma reunião pra discutirmos a invasão alienígena da semana e a reforma da sede. Vê se não falta, ok?"

A utilidade destas reuniões, um super-herói da Image poderia pensar, é bem duvidosa. Deve ser por isso que Superman e Batman faltam nesta. Sobre isso, é interessante comparar o nível de interesse de alguns membros.


"Ora", deve pensar o último filho de Kripton, "não tenho tempo pra votar outra monção de protesto contra a EC Comics! Estou ocupado salvando o mundo!" Mas é curioso o super, uma vez que já estava ali pelo espaço, não ter reparado no Starro chegando na Terra. Ou reparou? "Que interessante, uma estrela-do-mar gigante vem vindo do espaço, mas não tenho tempo pra isso, tenho que cuidar destes meteoros!"


Caramba, haja meteoro pra manter ocupado um cara com superforça e supervelocidade. Isso tá me cheirando a preguiça mesmo, como se o super soubesse que geralmente estas reuniões não dão em nada. Enquanto isso em Gotham City:


Batman sempre tem isso. Ligam pra ele, "Batman, Darkseid está invadindo a Terra!", ele responde, "Dane-se, minha prioridade é Gotham City, primeiro vou prender este cara que estacionou em lugar proibido, depois ajudo vocês com este ditador intergaláctico sanguinário e ultra-poderoso!" É um cara dedicado a sua comunidade, temos que admirar.

E vejam vocês, enquanto os dois maiores ícones da DC fazem corpo mole, é o Flash que mostra serviço e usa a cabeça pra dar conta de seus afazeres e não faltar à reunião:


Bravo, Flash! Assim é que se faz! Que homem de aço que nada! Maior detetive do mundo uma pitomba! Isso sim, que é super-herói, evita a ameaça e ainda ensina ao leitor o que é um tornado, garantindo o terceiro momento educativo da nossa história!

Vale a pena observarmos ainda um último membro da liga receber o chamado:




Só pode ser um babaca esse Steve Trevor. Tá na cara que essa mulher não quer nada com ele! Que mulher em 1960 recusaria um pedido de casamento de um piloto da Força Aérea Americana? Depois, uma reunião que habitualmente não deve nem ser tão importante, a ponto dos dois mais importantes heróis da terra não verem qualquer urgência em comparecer, serve como desculpa pra ela dar um perdido no cara. Das duas, uma, Steve: ou ela está dando pra um cara desse aí dessa Liga, ou então, amazona e grega, e vinda de uma ilha em que homem nem pode pisar, Steve, eu acho que da fruta que você gosta a moça chupa até o caroço...

Não sei se esta é a primeira aparição do tal jato invisível, mas eu queria entender que diabo de idéia é essa? Afinal, qual a serventia de um avião invisível se você também não for invisível? Afinal, qualquer um poder ver você chegando. a única utilidade que me ocorre é estacionar em local proibido e não ser multado.

Mas, enfim, vamos à reunião. Lanterna Verde e Jonh Jones confirmados. E creio que não deve ser muito simples o Aquaman convencer os outros, afinal, quem daria crédito num cara que se diz amigo de um sujeito chamado "Peter, o baiacu"?

Vocês lembram aqueles episódios do Seinfeld em que o Kramer entrava, tirava um vidro de picles da geladeira, começava a comer e comentava: "Meu amigo, Bob Sacamano, estava num hospício e o eletro-choque não fez efeito por que a sinapses dele eram muito compridas!" Então, fico imaginando o Aquaman entrando, sentando na mesa, e mandando esta: "Meu amigo, Peter, o baiacu, disse que uma estrela-do-mar espacial gigante chegou na Terra e quer conquistar o planeta!" Será que o Flash responderia, "Arthur, não sei o que vocês no mar ficam fazendo pra matar o tempo, mas aqui na superfície estrelas-do-mar não vendem jornais..."

Bom, eis a reunião, com mesa, secretária, ata e informes:



Eis a primeira aparição da sede social campestre da Liga da Justiça da América, localizada numa caverna bucólica nos arredores de Metrópolis (pra vocês verem que o Superman não tem desculpa de não aparecer). Como podem ver, a sede dispõe de biblioteca, estacionamento para aviões invisíveis, laboratório, Lounge com TV de Plasma, tudo num misto de ambiente rústico com instalações de design futurista.

Bem, Aquaman dá o recado, e tiram-se os encaminhamentos:


Tem algo estranho aqui? Deixa eu explicar pra você, leitor, que não está inteirado da luta das minorias no ocidente. O que o Flash quis dizer foi o seguinte: "Eu e o Lanterna, machos, adultos e brancos, podemos cuidar sozinhos dos nossos afazeres. A garota e o E.T. com pinta de negão dividirão uma tarefa, por serem evidentemente menos eficientes." Ainda por cima, é de uma burrice sem par, pois olha o que ele manda o Aquaman fazer.



Ha, ótimo, mas será que ninguém aqui pensou no seguinte, que as tais estrelas-do-mar que Starro deu lá suas vitaminas, eram, de início, criaturinhas cândidas e amistosas dos oceanos, com as quais no Rei da Atlântida mantém as melhores relações de cortesia e favorecimentos? Será que num primeiro contato com elas, Aquaman não seria útil para tentar dialogar e dissuadí-las de cooperar com Starro? Ora, mas! Dialogar! Dissuadir! Quem já viu alguém pensar numa idéia dessas num gibi de super-heróis?

e é isso, por hora: o cenário está armado, os jogadores estão em campo, abrem-se as cortinas do maior espetáculo da Terra. No próximo post, prosseguiremos na análise deste fascinante épico de nosso tempo. Quais serão os planos de Starro? Onde estarão bebendo Superman e Batman? Com quem da Liga será que a Mulher Maravilha está chifrando Steve Trevor? E onde ela terá estacionado seu avião invisível, com aquela cabecinha avoada, a bonitinha?

10.9.07

essa eu encontrei num camelô no catete. não gosto muito destas edições da ebal em preto e branco, nem da fonte que usavam, que mais parecia que alguém tinha posto o gibi numa máquina de escrever. mas essa, pela ingenuidade do editor na década de trinta anos atrás, me pareceu imprescindível:


sabotagem? roubo? bandidagem? relaxa, superman, a gente estava quase pensando outra coisa...

quanto ao proprietário anterior do exemplar indigitado, cumpre salientar que foi ele que rasurou a palavra que superman propriamente confessava ser, e de um modo que eu não consigo mais identificar qual seja ela. que será que estava escrito? que mistérios ainda há de surgirem deste sarcófagos de ácaros? pra quem não tiver alergia, disponibilizo o volume para a inquirição pertinente.

21.8.07

almanaques e samurais


Bem, nada de piadinhas por hoje, estou com insônia e vou passar o tempo falando do que estive lendo nas bandas desenhadas e afins.

Pixel Magazine # 4: Nos tempos da não tão saudosa Editora Abril, praticamente só tínhamos almaquinhos com várias histórias de diferentes personagens e não tinha muito como selecionar. Sempre achei uma coisa meio estranha comprar uma revista pra ler Vingadores, Justiceiro, Quarteto futuro e Dr. Estranho, e com o título genérico "heróis da tv". O recado era claro, ou compra tudo ou leva nada. Muita gente reclamava mas a editora dizia o óbvio, alegava os custos de publicação e tudo mais. Pra piorar, doía no nosso orgulho nacional ler em formatinho depois que a gente tinha descoberto qual era o formato das revistas americanas (pense que era a geração que viu a seleção de 82 perder a copa). No entanto, os leitores da Abril tinham uma vantagem que os americanos não tinham, algumas vezes algum editor apaixonado fazia o favor de publicar sagas completas com três ou mesmo quatro histórias em sequência. E mesmo quando não rolava isso, pelo menos um personagem era o carro chefe da revista, com duas histórias em sequência.

O tempo passou, as revistas espicharam de largura, a impressão melhorou, e parece que em tudo não temos o que sentir falta da Abril. Mas tem uma coisa na política editorial da Panini que me aborrece bastante, sobretudo numa época em que a maior parte das histórias é muito ruim. Claro que era de se esperar que se mantivessem os almanaques com mixes de vários personages, mas a editora parece ter a determinação de só publicar uma história de cada série americana, o que levado às últimas consequências gera certos absurdos. Com personagens variados, isso é razoável, mas com o tempo, a Panini começou a fazer uma coisa imbecil e que definitivamente me fez desistir de acompanhar suas revistas de linha. Alguns personagens mais populares, como superman, homem-aranha, batman, têm mais de um título nos EU, que geralmente apresentam arcos diversos. O efeito deve ser estranho, o cara vê o wolverine cair num abismo num gibi, compra outro e tá lá o baixinho bebendo cerveja num bar. Mas pelo menos, quando a série é ruim eles não compram, simples assim, enquanto a gente tem que comprar tudo junto. Pelo menos, poderíamos ter o favor de ler os arcos de um mesmo personagem numa sequência lógica. Mas não, a panini consegue ter uma revista chamada "Batman", por exemplo, com três, ou mesmo quatro arcos simultâneos do mesmo personagem. Para a editora deve ser mais lucrativo, eles podem vender bem treze revistas do personagem porque cada edição tem um e somente um capítulo da chatíssima "silêncio" de jeph loeb e jim lee, que pra mim não vale um tirinha do "urbano, o aposentado", mas que fez um sucesso entre o público de miolo mole, que parece ser a grande maioria.

Enfim, só pra dizer porque não gosto de mixes. no caso da Pixel, me chateia em especial o fato de "Planetary" e "100 balas" estarem sendo publicadas em álbuns pela Devir e agora voltarem a ser apresentadas a conta gotas num almanaque variado ou em edições avulsas mas com grampo. Parece-me um retrocesso.

Por outro lado, entendo os motivos que a Pixel possa ter pra tentar essa política com esse material, que ainda não foi recebido amplamente como "Preacher" e "Sandman" o foram. Além disso, é fato que a Pixel Magazine é o melhor periódico de quadrinhos publicado atualmente no Brasil. Só tem história boa e que empolga de acompanhar. Ver numa só revista alan moore, warren ellis e john cassaday me fez sentir parte de um público de elite, me relembrou publicações clássicas de quadrinhos alternativos e/ou europeus, como a Heavy Metal e a Animal. Eu adorava estas revistas no que elas tinham de variado mas sempre num nível de qualidade de texto e arte, e pensava, "Porque a Marvel e a DC não fazem algo assim?" Veio a Pixel e fez, com o melhor da Vertigo e da Wildstorm.

e não vou contar o que tem na revista, pois começo a ter sono. aqui tem uma crítica pra quem ainda não entendeu o que é bom quadrinho.

Samurai Executor #2: o "Lobo Solitário" de Koike e Kojima era um série estupenda, com capítulos sempre mais fascinantes e que, em princípio auto contidos, iam se interligando numa evolução vertiginosa e imprevisível. Mas tinha um problema que eu consegui antecipar quando faltava uns seis volumes pra terminar: a premissa de vingança do protagonista Ito Ogami era tão sublime que ela só podia render um desfecho perfeito ou absolutamente desapontador e vago. aconteceu o segundo caso e não vou contar o final porque vale a pena ler a série inteira mesmo assim. agora, nesta série, vemos os mesmos ingredientes, histórias fechadas de um mesmo personagem, samurais, as armadilhas e as intrigas da opressiva era Tokugawa, e gente comum tentando resguardar a própria dignidade, o que naquele contexto implicava inexoravelmente na própria sobrevivência. Mas agora não temos mais a ambição sublime da saga de Ito Ogami. Agora o protagonista é Asaemon Yamada, um ronin que executa condenados plebeus e testa espadas. E vive sozinho cumprindo seus deveres com diligência mas também, descobre-se depois, com alguma melancolia. Em cada história, uma pequena charada, dessas que a vida social naturalmente nos apresenta, é resolvida pela astúcia ou pela espada de Yamada, geralmente por ambos. E nisto temos ocasião para saber uma curiosidade ou outra da vida civil do japão daqueles tempos. Será que como "Lobo Solitário" esta série vai evoluir para uma saga com pretensões épicas? Creio que não seria apropriado, é uma série mais doméstica, quase um drama de costumes, merece terminar com um casamento ou uma morte de idoso.

18.8.07

fantastic four # 4


Reed Richards, renomado líder do Quarteto Fantástico, é flagrado achacando um cidadão inocente e destruíndo patrimônio alheio. até onde chegarão os abusos cometidos por estes pretenseso "heróis"? e o pobre rapaz, intimidado pela celebridade, nem se pergunta pelo conserto de sua moto. infâmia!


14.8.07

Action Comics # 1

a capa mostra um homem intolerante e furioso destruindo um veículo automor que hoje seria uma relíquia de colecionador, e causando pânico entre cidadãos que até este momento parecem vítimas inocentes. não, não é um gibi do hulk, se olharmos atentamente para o indigitado terrorista, o que aparece é... não pode ser! superman! o primeiro de todos os super-heróis! aquele que ainda hoje é o padrão de moralidade nos quadrinhos? ele mesmo, em sua primeira aparição, tirando uma onda de bad boy. que feio, hein?

coisas assim não podem fazer bem pra mente das crianças. e nem me venham falar de "Grand Theft Auto", que apareceu agora. três gerações de infantes leitores de gibis nos renderam um mundo governado por george bush e que queima cada vez mais combustível fóssil, acha que valeu a pena? meu filho vai ter mais sorte do que eu e não vai sofrer esta deformação de caráter, vai ler monteiro lobato e friedrich nietzsche: chega de gibis! um país se faz com super-homens e encadernados de capa dura!